Com o intuito de assinalar de alguma forma os 40 anos do inicio das escavações arqueológicas em Tongobriga, a 20 de agosto, a Associação durante 40 dias publicou fotos de Tongobriga e da Aldeia do Freixo. A Aldeia manteve-se preservada enquanto a cidade romana ia sendo “redescoberta”
#Tongobriga40anos
A propósito desta data, partilhamos a crónica do nosso membro da direção, Luís Sousa.(in)
Em 1980, num dia em que o estio castigava as faces, desceram abruptas, abrindo o solo duro, pesadas picaretas. Jovens estudantes, voluntários e técnicos do Instituto Português do Património Arqueológico e Arquitetónico – Direção Regional do Porto iniciaram assim a retirada das primeiras camadas de terra que cobriam os restos de construções de um complexo termal monumental. As escavações prosseguiram nos anos seguintes, ininterruptamente, vindo a evidenciar que o até então campo agrícola era na verdade um fórum, uma grande praça pública que na Época Romana terá sido um fervilhante centro da vida social, política, económica e religiosa de Tongobriga, onde mercadores, legionários, gladiadores, gente de diferente estatuto social, ali procuravam oportunidades de negócio, desafios para a vida, diversão, ócio, um momento de lazer para estimular o espírito.
Construções circulares provam que antes do efetivo domínio romano do território já aqui se haviam fixado populações da Idade do Ferro. Deste período, merece realce a estrutura com pedra formosa para banhos integralmente escavada na rocha granítica existente em área contígua às termas romanas. Com a introdução do modus vivendi romano passou a prevalecer a construção de planta quadrangular e retangular, podendo ser contempladas duas extensas áreas habitacionais ordenadas por arruamentos para os quais estão voltadas as casas, algumas das quais com dois pisos e pátio central aberto.
Tongobriga, muito devendo ao seu posicionamento geográfico no território, foi crescendo entre o século I e V da nossa Era, vindo a contemplar também a construção de um circo, de um teatro e de um anfiteatro, sendo a cidade elevada ao estatuto de civitas.
Mais de 30 hectares de área classificada como Monumento Nacional evidenciam o valor dos vestígios arqueológicos exumados da cidade romana de Tongobriga, e o quanto relevante constitui a preservação e valorização das ruínas e do que o subsolo esconde para o aumento do conhecimento científico do sítio.
Num momento recente, foi aberto ao público o Centro Interpretativo de Tongobriga, um espaço museológico moderno e atrativo que apresenta ao visitante, através de um conjunto de objetos e de uma forte componente lúdico-pedagógica, os mais relevantes aspetos da vida quotidiana da cidade.
A 20 de agosto, assinalam-se os 40 anos do início das escavações da cidade romana de Tongobriga. Na freguesia do Freixo, uma aldeia afastada de tudo, onde o tempo em 1980 era vivido a um outro ritmo, bem mais pausado quando comparado com os dias de hoje, sob a coordenação do Professor Doutor Lino Tavares Dias, começava a ser contada uma nova história de uma das maiores descobertas arqueológicas do século XX em Portugal a norte do Douro, mas que, ainda assim, continua a ser desconhecida ou ignorada por muitos.