A nossa história
“Tudo começou num campo de milho em 1980”
Recebi, dos atuais dirigentes da Associação Amigos de Tongobriga, um amável convite para escrever um contributo para a história desta Associação. Respondo com muito gosto e com um singelo texto.
Começo por pedir que se salientem neste texto duas palavras cujos significados são fundamentais: “Tongobriga” e “Amigos”.
Ao rascunhar este texto estive na dúvida entre usar palavras como “verdade” e “factualidade” ou, em alternativa, usar outras palavras que ajudassem a refletir, por exemplo, sobre o “cinismo” e “oportunismo” que Tongobriga proporcionou.
Decidi intitular “tudo começou num campo de milho em 1980”, aplicando a verdade e factualidade. Numa segunda opção, eventualmente, usaria o título “tudo começou há meia dúzia de anos e por geração espontânea”. Mas esta opção não se aplicaria, de modo algum, aos “Amigos”.
Lino Tavares Dias
Sócio fundador da associação
Optei pela factualidade porque, de facto, iniciei as escavações arqueológicas na aldeia do Freixo no dia 20 de agosto de 1980, em terrenos plantados de milho e oliveiras, onde depois confirmei a existência da cidade romana de Tongobriga. Ao longo de anos, como arqueólogo do Ministério da Cultura, continuei os trabalhos de escavação e investigação laboratorial, fiz a gestão administrativa do sítio, promovi a salvaguarda legal do sítio (entretanto classificado como monumento nacional em 1986) e, ainda, defendi a sua valorização patrimonial. Fui rodeado de bons colaboradores, empenhados e profissionais.
Ao longo dos anos o Ministério da Cultura construiu, na aldeia do Freixo, um laboratório de apoio à investigação e à gestão, assim como construiu várias estruturas de apoio à valorização cultural e turística do sítio com 50 hectares classificados como monumento nacional.
Aproveitando as grandes capacidades técnicas, científicas e patrimoniais do Freixo, em 1990, cerca de 10 anos depois de ter iniciado as escavações arqueológicas, também ali se fundou a primeira escola profissional pública de arqueologia.
Ao longo dos anos também se foram formalizando as partilhas de empenhamento da Autarquia e do Estado. Devo salientar que todas as ações foram surgindo gradualmente, o que, afinal, comprova a antecipação, em décadas, da utilidade de descentralização de meios culturais. Em simultâneo com estas atitudes das administrações (central e local), foi surgindo a vontade de congregar cidadãos motivados na defesa de Tongobriga, na melhoria da identidade histórica da região e na valorização da riqueza cultural da sociedade. Assim, surgiu também a Associação Amigos de Tongobriga. Era o terceiro pilar de envolvimento da sociedade, para além do Ministério da Cultura e do Município.
Nesta associação (sinónimo da vulgarmente chamada “sociedade civil”) se congregaram muitos cidadãos que incentivaram atitudes e, até por vezes, quando necessário, ajudaram a esclarecer alguma sociedade política. Alguns são saudade, e fazem falta: o Dr. Rocha Marques, o Henrique Moreira e, muito recentemente, o Eng. Mouro Pinto. Restam-nos como bons exemplos.
Henrique Moreira
Sócio fundador da associação
Pessoalmente, posso afirmar que foram profícuos trabalhos de investigação nas décadas de 80 e 90 do século passado e, também, nos primeiros anos do século XXI. Foram anos a defender os terrenos arqueológicos contra o risco de destruição de vestígios enterrados. Foram anos a defender a verdade científica, a publicá-la, divulgá-la e, também, foram anos a incentivar a investigação científica como prioridade e garantia do futuro.
De facto, estas coisas não surgiram por geração espontânea, fruto de algum trabalho nos últimos tempos. Estas coisas, no Freixo, em torno de Tongobriga, em 2019, são resultado de décadas de empenhamentos cívicos e profissionais dos três pilares (Cultura, Município, Sociedade).
Formalmente, numa perspetiva otimista, pode dizer-se que incentivar o futuro é uma responsabilidade das instituições públicas centrais, regionais e locais mas, realmente, também faz parte das responsabilidades de cidadania de cada um de nós.
É por esta razão que em torno da Associação Amigos de Tongobriga continuam a existir muitos empenhamentos. O futuro reconhecerá, com serenidade, a inovação motivada por reservas científicas como a que existe no Freixo, onde se evidencia e cidade romana.
Tongobriga só foi “descoberta” há cerca de 40 anos.
Muito há, ainda, a investigar e muito há, ainda, a valorizar.
Para tal Tongobriga precisa de Amigos.
Lino Tavares Dias
Fevereiro 2019
“A Associação de Amigos de Tongobriga foi criada a 27 de janeiro de 1993 por António da Rocha Marques, Lino Augusto Tavares Dias, Henrique Manuel Barbosa Moreira..”
OBJETIVOS
- Tem por fim promover uma ação cultural constante a partir da cidade romana de Tongobriga
- Estimular o interesse pela Área Arqueológica do Freixo como centro de cultura
- Desenvolver atividades culturais de divulgação do valor arqueológico de Tongobriga
- Recolha, estudo, informação e divulgação de material de interesse para melhor conhecimento de Tongobriga bem como do património arqueológico da região com ela articulada.
ÓRGÃOS SOCIAIS 2022/2025
Assembleia Geral – António Mendes, Emília Queirós, Sónia Santana
Direção – Luísa Sousa, Luís Sousa, Rosa Mendes
Conselho Fiscal – Conceição Mendes, Conceição Coelho, Carlos Assis
ÓRGÃOS SOCIAIS 2019/2022
Assembleia Geral – Ana Paula Pinto, António Mendes, Marla Ferraz
Direção – Luísa Sousa, Luís Sousa, Rosa Mendes
Conselho Fiscal – Céu Moura, Conceição Mendes, Rosa Soares
ÓRGÃOS SOCIAIS 2016/2019
Assembleia Geral – António Babo Ribeiro, Luís Sousa, Marla Ferraz
Direção – Luísa Sousa, Ana Paula Pinto, José Mouro Pinto, Albertina Pinto, Rosa Mendes
Conselho Fiscal – Céu Moura, Conceição Mendes, Rosa Soares